Terror noturno
Mamãe, você já ouviu falar de terror noturno? Veja aqui algumas informações: http://www.macetesdemae.com/terror-noturno/
No post de hoje, a psicóloga e colunista Raquel Suertegaray aborda um tema que ainda gera muitas dúvidas e representa noites mal dormidas para os pais: terror noturno.
Em seu texto, ela explica a diferença entre terror noturno, medo de dormir e pesadelos e dá dicas de como agir caso seu filho vivencie esse tipo de problema.
Terror noturno
Por Raquel Suertegaray
Olá mamães, hoje vamos falar de um assunto que costuma tirar o sono de muitas de nós e que pode até mesmo levar qualquer pessoa normal à loucura: a falta de sono. Bem, não vou falar diretamente da nossa falta de sono, mas sim de um fenômeno ligado ao sono de nossos filhos e que costuma abalar as nossas noites.
O tema central é Terror Noturno, e sobre esse tema, o primeiro esclarecimento fundamental que deve ser feito é que o terror noturno não é o mesmo que recusa a dormir por medo. Sua principal característica é que a criança não tem recordação destes momentos, ou seja, ela não sabe que isto acontece. Desta forma, o terror noturno não tem relação com o local onde a criança dorme, pode acontecer tanto no quarto da criança quanto no quarto dos pais ou em qualquer outro lugar.
Terror noturno também é diferente do medo causado por pesadelos. Os pesadelos costumam acordar as crianças, elas sabem contar o que sonharam e o medo muitas vezes permanece depois de acordadas, ao contrário do Terror Noturno, que a criança não lembra, nem acorda assustada.
O terror noturno é, na verdade, uma parassonia, ou seja, um distúrbio do sono, comum em crianças e raro na idade adulta, que acontece nas primeiras horas de sono, ou seja, durante a fase do sono NREM (ou NÃO REM). Uma das diferenças do Terror noturno e do pesadelo é justamente a fase do sono em que ocorrem, pois os pesadelos acontecem durante o sono REM (Rapid Eye Moviemnt), no final do ciclo do sono.
Para que vocês compreendam melhor esse assunto, é importante saber que o sono é dividido em dois momentos, a Fase NREM, sendo esta dividida em 4 fases, onde acontecem as funções reparadoras e é secretado o hormônio do crescimento, e a Fase REM, última fase de um ciclo completo de sono, onde acontecem os sonhos e pesadelos, e a privação desta etapa do sono costuma provocar irritação no dia seguinte.
É claro que, em meio a uma crise de terror noturno, seu primeiro instinto será de tentar acalmar seu filho, mas é bem importante considerar que ele está dormindo e não tem consciência do que está acontecendo, por isso, o melhor é não acordá-lo. O que deve ser feito, no lugar, é ficar por perto para garantir que ele não se machuque. Os especialistas recomendam nem mesmo falar com a criança ou pegá-la no colo, porque isso pode prolongar o episódio.
Os episódios costumam ser breves, durar poucos minutos e chegar a, no máximo, 15 ou 20 minutos (o que é raro). Depois disso, a criança tende a se acalmar e continuar dormindo. É uma situação que costuma apavorar os pais, pois a criança parece estar em pânico mesmo, e o ideal é não interferir.
O terror noturno caracteriza-se por manifestações assustadoras de medo para quem assiste e “invisíveis” para quem vivencia, pois não são lembradas. E este talvez seja um alento para os pais. Geralmente, o terror noturno não provoca problemas no dia seguinte, pois não costumam prejudicar o sono reparador (pelo menos das crianças).
As manifestações do terror noturno são concretas, compatíveis com os sintomas somáticos do medo ocasionadas pelo sistema nervoso parassimpático – sudorese, pupilas dilatadas, aumento da frequência cardíaca, respiratória e da pressão arterial – e lembram muito tudo aquilo que costumamos sentir quando precisamos “fugir” ou somos ameaçados.
Durante os episódios, a criança pode chorar, abrir os olhos, se agitar muito e até mesmo levantar da cama, por isso, é importante que alguém fique próximo. No entanto, como eu já disse, não é indicado acordar a criança, nem mesmo pegá-la no colo. Basta estar atento para que ela não se machuque de forma involuntária.
Nestes casos, aquelas redes que vieram para substituir os antigos protetores de berço são aliadas importantes, já que evitam que num desses rompantes de terror noturno a criança possa vir a se machucar nas grades do berço. Por outro lado, os quartos montessorianos já não são a melhor opção, pois como dão muita autonomia para as crianças, podem representar um perigo maior caso não tenha sempre alguém próximo durante todo o período do episódio do terror.
Caso desconfie que seu filho possa estar tendo crises de Terror Noturno converse com seu pediatra, observe em que momento da noite eles acontecem, quanto tempo duram e o que acontece depois, pois estas informações serão importantes.
Caso seja confirmado o diagnóstico, ele vai lhe assegurar que será uma situação transitória (como a grande maioria dos casos) e lhe orientar a apenas garantir a segurança da criança.
Intervenção medicamentosa só deve acontecer em casos muito, muito raros e dramáticos, onde a criança se coloca em situação de risco acentuada. Ou seja, mesmo tratando-se de um distúrbio do sono, costuma desaparecer com o crescimento, não sendo necessário tratamento.